Estou presa naquilo que foi o meu passado. Presas nas memórias trazidas pelo sussurro do vento. Estou presa na escuridão do passado. Nesta sala fria, mas acolhedora, oiço vozes, risos… oiço tudo aquilo que me dá conforto e calor. Mas nada vejo. Desespero. Pânico. É o que sinto quando penso no passado que não voltará. Naquilo que foi e que eu gostava que voltasse. Tudo aquilo que fez parte dele está presente em mim. Vejo. Agora vejo tudo passando por mim como uma corrente marítima trazendo todas as memórias para junto de mim. Vejo aquilo que fez parte de mim, mas que de facto ainda faz. Sinto. Agora sinto amor, compaixão, amizade e saudade. Sinto tudo aquilo que me dá amor e segurança… Mas… De repente ficou tudo escuro outra vez.
E os meus flashbacks acabaram. Parei de ouvir. Parei de ver. Parei de sentir. Tudo passara por mim como uma rajada de vento. E em vez de estar numa sala, estou numa jaula desconfortável, sentido o pânico instalar-se. Sentido o descontrolo a afirmar-se. Não sei o que fazer. Esta jaula não me deixa fugir, mal me deixa respirar. Estou presa no passado. Estou presa numa jaula do passado. E não sei quando é que vou voltar a sair. É como se fosse uma bolha que não rebentasse. Mas sei que agora, tenho de deixar o passado partir. Deixando as memórias comigo.